Parece que ainda vejo pelos cantos do galpão O cachorro companheiro papuçado de sabão Uma ninhada de gato se arrastando no xergão E a chaleira cascurrenta cuspindo sobre o tição Lembra a tina de água escura pro índio lavar as fuças Balaios cheio de milho onde o galo escaramuça No outro canto um violão junto a gaita soluçando E um guasca cantar a lua e seus amores recordando Saudades dos meus pelegos da tarimba velha campeira Com guarda fogo de angico me aquecendo a noite inteira Da barrica de erva mate e a massa da cafeteira E das guampadas de coalhada e do pão de forma caseira Que saudades estou sentindo da falta do meu galpão Como dói esta saudade dos tempos que lá se vão Espero um dia voltar aos pés do fogo de chão Entreverar-me recuerdos relembrar o meu galpão