Na madrugada fria A solidão como companhia Lembranças De uma outra estação O silêncio soberano E ensurdecedor vem pra ferir Teu nobre coração deixa a tristeza Falar por mim pois a vida é triste e bela Ela vem sempre Ao meu jardim Há dezoito primaveras O meu orgulho Disfarçava o medo E a vergonha entorpecia Calava o ódio dentro do meu peito eu entendo o que você sentia Era o be contra o mal Era a noite contra o dia Era a razão contra a moral Era a morte contra a vida Deixa a tristeza falar por mim Pois eu ja nem sei O que eu senti E estas flores Mortas no meu jardim Já não fazem mais sentidos Se ninguém sabia Do meu pessimismo O que é que eu tenho A ver com isso Então me entrego Aos ventos do destino Daqui ninguém sai mesmo vivo Se ninguém se importa Com o que eu digo Por que insistem Em me dar ouvidos? Me dão ouvidos Me dão sentidos Me dão motivos O que eu sinto Já não faz sentido algum O abismo em quem caímos É profundo Mas não é tão obscuro Quanto o mundo Em que vivemos O abismo em que vivemos É nojento Pra mudar o mundo É preciso Bem mais do que bom senso Mas é um bom começo Quando acaba a madrugada O sol desperta a embriaguez Já não sofro Pela dor da solidão Mas abro os olhos Não vejo nada Então me entrego Mais uma vez Ideiais insanos Em prol da destruição Deixa a tristeza Falar por mim Pois a vidas é triste e bela Ela vem sempre Ao meu jardim Há dezoito primaveras Vão, vão embora Lágrimas teimosas Ou então curem Meu coração ferido Deixa a tristeza Falar por mim...