Ora, direis, ouvir estrelas, certo Perdeste o senso, e eu vos direi, no entanto Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto E conversamos toda a noite, enquanto A via-láctea, como um pálio aberto Cintila; e, ao vir do Sol, saudoso e em pranto Inda as procuro pelo céu deserto Direis agora: Tresloucado amigo Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo? E eu vos direi: Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas