Abro meus olhos e o dia amanhece Apresentando uma nova sensação Uma dor que me inquieta e me acerta Como uma flecha atravessada no meu coração Olhar pra trás e ver que nada mais do que se foi Tem espaço em quem hoje sou A maior batalha dessa guerra estou enfrentando Com o ódio que dentro de mim restou Mesmo sentindo minha alma se afastar do inferno Que um dia consumiu o meu ser O sangue ainda escorre no meu corpo que estremece E dilacera minha pele sem que nada eu possa fazer Tudo parece irreal e de repente Eu sinto que meu pés já não tocam mais o chão Nada mais será igual em minha mente O nascer das minhas asas é minha ressurreição Cortei as lágrimas Do meu coração Costurei novas Asas Pra voar pro céu Ainda não consigo assimilar O resultado dessa transmutação Me olho no espelho pra contemplar O que sobrou da minha antiga formatação Meus passos eram firmes porém sem direção Sempre acreditando na realização De sonhos que se apresentavam como projeção Ou miragens de difícil visualização Não poderia contemplar o infinito dos céus Preso a uma existência de pura vaidade Com corpo, mente e alma desconectados E relacionados a falsas necessidades Agora que te digo adeus pela última vez Eu poderei escolher pra onde irei voar Liberto de você agora estou E não mais precisarei temer por respirar Cortei as lágrimas Do meu coração Costurei novas Asas Pra voar pro céu Se eu soubesse que faria sangrar Você nunca se importou Meus dias passam fartos de tanta falta Você me deixou E nada importa mais Me deixou mais forte Invencível, blindado! O afogado não se afoga mais Por mim Agora eu poderei ser Tudo aquilo que tiver que ser Deixar pra trás o que não satisfaz e só me traz a dor Com pernas eu pude correr Com asas eu posso voar A paz buscar, a mente iluminar, se libertar do rancor Cortei as lágrimas No meu coração Costurei novas asas Pra voar pro céu E eu sei que vou me aproximar do que me foi negado por tanto tempo Porque que eu quero flutuar contra o vento?