Aos que acreditam na TV E no noticiário que insiste em dizer Que o crime não tem desculpa Tirando o peso do Estado e apontando pra quem tem menos culpa Então escuta, filho da puta: O seu discurso contribui pra escalada da violência gratuita Pregando a redução da maioridade penal Como se fosse a solução pra guerra social Mas lamento te dizer que o processo penal Potencializa ainda mais o efeito colateral Porque se fossem pras prisões os donos das mansões Ia até faltar espaço pros moleques tidos como ladrões Oferecem grades, mas negam lares Oferecem esmola, mas negam escolas Esse é o presente da gestão que ingere o lucro Manipulando as brechas da lei e dos estatutos Comprando o Estado para garantir o furto Que enche ainda mais o bolso dos que já tem tudo E aí, meu camarada, sou eu quem te pergunto Se as famílias desses putos choram à noite com uma história de luto Sobre o Brasil me liguei No pobre sempre pensei Ao povo que me entreguei Talvez eu morra, eu sei Na bocada o rei nem sempre é um burguês Não difere na hora de fazer as suas leis O Estado promove uma inversão de valores Ao invés de proteger, agride os educadores Professores, formadores de opinião Essenciais trabalhadores que dão informação Mas alimentar as mentes em iminente exclusão Parece contraproducente ao nosso alto escalão O pensamento crítico é desvalorizado E é por isso que eu mantenho o meu dedo apontado Apontado em direção aos que fogem do embate Deus não é a solução. Deus é o medo do debate. Então pra começar, levante do sofá O milagre não existe se você desiste de lutar Sobre o Brasil me liguei No pobre sempre pensei Ao povo que me entreguei Talvez eu morra, eu sei Na bocada o rei nem sempre é um burguês Não difere na hora de fazer as suas leis De joelhos dobrados tantos clamam por ajuda O mundo os criou e o mundo finge que não escuta Eles dizem que rezam, eles dizem que oram A diferença queima em verbos da guerra religiosa Onde o grande derrotado é quem olha pra trás E revê o seu passado cego ao que o fez incapaz Se o caminho trilhado foi o da vida dura Sem alento, eu lamento, É o doente que conquista a sua cura Quando decide mudar o que tem pra se mudar Ao andar por novas ruas, navegar num novo mar Sem medo de perder, sem medo de afundar E que o fogo desse inverno faça a chama queimar Nos corações dos que querem ver ruir Essa Rio-Babilônia impossível de engolir Ou respirar... Deixa o gás abaixar Deixa a poeira subir e a fumaça no ar Até deixarem dizer o que temos pra dizer Aos que sabem ouvir, aos que querem entender Porque quem silencia diante da apatia Cai na armadilha que destrói a melodia E só haverá poesia na cidade-cidadã Se rebeldes puderem versar o amanhã Abrindo a mente de gente como eu e você Como eu e você, como eu e como você!