Do duende faminto e da bruxa Que fariam farrapos de ti Te guardem os santos De todos os cantos Seus espíritos guardem a ti Que os cinco sentidos que tens Que eles nunca abandonem teu corpo Que nunca perdido Na rua comigo Tu mendigue uma carne de porco Eu ainda não fiz vinte anos E faz trinta que eu enlouqueci Trancado contido Num sótão fedido Por quarenta e tantos vivi Enquanto eu canto esta balada Qualquer pão ou pano ou prata Não se faça de rogada Tom Pinel não nega nada Foi lembrando daquela menina Foi comendo os moluscos da sopa Por algo sublime Oh, Deus que me livre A cabeça está velha e oca Não dormi desde que a conquistei Té então eu dormia tranquilo Cupido malandro Me achou num recanto Me acordou e roubou meus vestidos Minha eterna amada é a Lua E a coruja tem meu coração O corvo a cantar Já vem me acalmar A tristeza com sua canção Enquanto eu canto esta balada Qualquer pão ou pano ou prata Não se faça de rogada Tom Pinel não nega nada Vou até o cemitério dormir Toda vez que eu preciso de abrigo Nas noites cruentas A terra me esquenta Os fantasmas já são meus amigos Se não tenho centavos no bolso E apostei inclusive as calças Penhoro os cabelos E as unhas dos dedos Por um gole a mais de cachaça Eu sei mais deste mundo que o Sol Porque a noite quando ele dormia Eu vi o maior Dos cães com o menor Disputando a primeira Maria Enquanto eu canto esta balada Qualquer pão ou pano ou prata Não se faça de rogada Tom Pinel não nega nada Um exército só de quimeras Me escolheu para ser comandante Eu vou desbravar Com a lança de ar Uma América erma e distante A senhora de negro capuz Me chamou a jornada extrema Jurou seu amor Se com ela eu for Mas não acho que vale a pena