É o desfecho de uma saga de viver debaixo d’água De um propósito que calas falece a alma de que falas A vida escorre-te pelos dedos como um grão de areia Vives amor e drama sem veres a Lua cheia Só mesmo Sol nascia onde o azar recheia Com ilusões de vida fácil, a porta fechei-a Sim, eu sei, na subida todos os santos ajudam Mas na descida não esperes que os santos te acudam As minhas costas largas colecionam punhais E setas com veneno da língua dos demais Por entre vendavais eu fiz o meu caminho E as horas que fiz a mais, fiz elas sempre sozinho Eu não pedi nada a ninguém, ninguém me cobre nada Pouca sorte se a morte bate à porta de casa Quanto valem esses bens que tu tens no banco? Sem valor se esse amor não for um sentimento franco O meu caderno inconformado nunca está em branco Caído, não me esqueço que o demônio também foi um anjo É o desfecho de uma saga de viver debaixo d’água de um propósito que calas Falece a alma de que falas, porque esta vida são dois dias e o primeiro esse já anoiteceu Arrependido tu não vias e hoje finalmente aconteceu Algumas pessoas nesta vida só são peso morto Atrasam a corrida que equilibra a mente com o corpo Amizades tóxicas, inimigos hipócritas Vão poluindo a alma, criando áreas inóspitas Irrespirável o ar que circula em muitas salas A capacidade de as ler impede-me de frequentá-las Por vezes vivo em Marte numa frequência à parte Choro e rio com a vida, comédia à la carte Sofro como se fosse ar quente de ânimo leve Pois nada dura para sempre, a passagem é breve Digo não ao sofrimento por antecipação Pois ele torna-se um bloqueio à imaginação Sou do tamanho do meu sonho, um gigante em Lilliput Uma raça em extinção como um velho mamute Não há pedra no sapato de quem vive descalço Pois no final subir a montanha foi só um percalço É o desfecho de uma saga de viver debaixo d’água de um propósito que calas Falece a alma de que falas, porque esta vida são dois dias e o primeiro esse já anoiteceu Arrependido tu não vias e hoje finalmente aconteceu