Quando o apito Da fábrica de tecidos Vem ferir os meus ouvidos Eu me lembro de você Mas você anda Sem dúvida bem zangada E está interessada Em fingir que não me vê Você que atende ao apito De uma chaminé de barro Por que não atende ao grito Tão aflito da buzina do meu carro? Pra que mentir? Se tu ainda não tens Esse dom de saber iludir Pra que, pra que mentir? Se não há necessidade de me trair Pra que mentir? Se tu ainda não tens A malícia de toda mulher Pra que mentir? Se eu sei que gostas de outro Que te diz que não te quer Pra que mentir tanto assim? Se tu sabes que eu sei Que tu não gostas de mim Se tu sabes que eu te quero Apesar de ser traído Pelo teu ódio sincero Ou por teu amor fingido Pra que mentir?