Fui visitar a fazenda, minha criação de gado Cheguei no momento certo ou no momento errado Era dia de trabalho desses bem ensolarados Os bezerrinhos, das mães, tinham sido apartados Eram todos bem espertos O destino era o comércio para serem sacrificados Fiquei lá observando, meu coração apertado Os bezerrinhos berrando, olhando pra todo lado Suas mães também aflitas, num berro desesperado Um procurava o outro com olhares marejados Berros em forma de coro Percebi que eram choros pelo homem provocado Aquela cena, eu confesso, me deixou amargurado Pro administrador disse, sem mandar recado Venda todos esses bois, tô saindo do mercado Podem me chamar de doido, quero dormir sossegado Falei com grande emoção Provocar separação nunca foi do meu agrado De homem ignorante posso também ser chamado Desfazer-se de um negócio pelo mundo praticado É decisão pessoal, disto estou conformado Mas, pra mim não serve mais, isto é fato consumado Nada contra a profissão Negócio sem coração já faz parte do meu passado