Havia um casarão abandonado Na rua onde nasci e fui criado Sombras na cortina do coração Ninguém pulava o muro acinzentado A bola que caía no telhado Desaparecia sem explicação Na fresta do portão enferrujado Outonos esquecidos do outro lado O que restou dentro do casarão? Tesouro no baú trancafiado Passagem de lugar mal assombrado Brinquedos espalhados no porão Algum vestígio de separação Porta-retratos quebrado no chão Sem fotografia e sem passado Não foi crescente de amor e paixão Nem ambiente de flor e botão Tudo parecia ter chorado Mais um resquício me traz solidão Ouvir o passo estalar no saguão Som de pensamento angustiado O que restou daquele casarão? Piano triste que não faz canção Coberto no salão, silenciado