Maria renunciou Ao papel de serviçal Maria se perguntou Qual é o papel principal? Logo a favela desceu Tudo parado nas fábricas Máquinas, músicas Mas só não deu Nos jornais do Brasil Não se leu, não se viu Quem aplaudiu? Maria se revoltou Na manhã de carnaval No corpo ela desenhou Pele de cobra-coral Aço triscando no breu Vento arrancando essas páginas Lágrimas, Áfricas Mas quem sou eu? Povaréu, Lamaçal Semideus, marginal Sou seu igual Sei que nosso estandarte desabou A porta-bandeira não girou O sangue manchou o pavilhão Mas o povo promete revidar E a bandeira tremular Nos braços da nova geração