Sou só mais um pobre Da Família Silva Quando abria danone Já tirava a tampa e lambia Tomava café molhando A bolacha naquele Copo de requeijão Enquanto olhava minhas Sacolas dentro de sacolas Penduradas no prego E minha capa com desenho De galinha e vaca no botijão Tinha um cachorro caramelo Não sabia se chamava de Zeus, Thor, Aquiles ou Belinha Só queria comer no Domingo com a família Após a saída dizer Desculpa alguma coisa E responderem imagina É sou pobre, cheio de costumes Penteio o cabelo com escova Colorida que arrebenta a alça Em frente um espelho de borda laranja Quando meu chinelo arrebenta É na base do prego que se arranja Meu fone do camelô quando Não para de um lado, perde a espuma Tirava foto na creche em frente Uma bandeira do Brasil Meus vizinhos falidos, na Porta da Geladeira só tem Garrafa pet cheia de água Cola, limão espremido Trinta ovos por Dez Reais Seu feijão era guardado Em potes de sorvete Mas pelomenos palha De aço na antena nunca mais É sou pobre, cheio de costumes Penteio o cabelo com escova Colorida que arrebenta a alça Em frente um espelho de borda laranja Quando meu chinelo arrebenta É na base do prego que se arranja Não temos gosto pra comprar Nem a prestação, vendedora Pergunta dizemos que tamo Só olhando, na volta a gente compra Fim de mês se sobra dinheiro É quando algo estraga Preciso colocar água no shampoo Virar o gás antes que acaba Prender o biscoito Com arame senão logo Tá com a chinela Na mão atrás de barata É sou pobre, cheio de costumes Penteio o cabelo com escova Colorida que arrebenta a alça Em frente um espelho de borda laranja Quando meu chinelo arrebenta É na base do prego que se arranja Ih mermão vamo fazê Churrasco Cada um vem no barraco e tras Uma coisa, depois meu tio vem Fazê a piada do pavê ou pacumê Minha tia rasga o copo em tirinha Vou escovar os dente não Tinha um pingo de pasta na pia Vou ter que cortar e passar a Escova dentro, mas sair Com os dente tinindo Meu ventilador vou limpar Pra dizer que o ar ficou mais forte Ir tomar um chá com bolacha No velório enquanto choram a morte A seguir só tomar banho, juntando Todos os sabonetes pequenos E por a roupa secar atrás Da geladeira nos ferros É sou pobre, cheio de costumes Penteio o cabelo com escova Colorida que arrebenta a alça Em frente um espelho de borda laranja Quando meu chinelo arrebenta É na base do prego que se arranja