Tá na pele do milongueiro criar ovelhas pro gasto O gado com cria ao pé depois de invernar no pasto Tá na charla do milongueiro um galpãozito de estância Um mate amargo dos buenos, patiero da égua mansa Tá no trato do milongueiro uma cuerada de bastos Sacar con el freno un cavallo quebrando o cacho a canta galo Tá na cara do milongueiro cantar a sua verdade Varar o rio das ideias com a terra tirando a carne É quando campo fora o milongueiro toca a vida Apartado, abraçado ao violão Milonga de los nuestros, milonga de escribir Milonga dos caminhos que escolhi! Tá na alma do milongueiro um coração frente aberta A la gandaia da tropa com a prosa a meia rédea Tá no verso do milongueiro sentar cabresto na rima No fundo de uma invernada tapada de maçanilha Tá na chaira da carneadeira, nas fronteiras do mata-burro Nas novidades do chasque, no corte do fumo Tá na copa dos cinamomos, nos aperos, no serigote Nas ressolanas de inverno, nos ferros do trote É quando campo fora o milongueiro toca a vida Apartado, abraçado ao violão. Milonga de los nuestros, milonga de escribir Milonga dos caminhos que escolhi!