Eu me benzi com a pureza do sereno que pingava Na manhã que mal clareava os horizontes de Deus Provei a água da sanga num mate de erva buena Mimando a alma serena, que tinha um gosto de adeus Eu me adocei de pitangas e cantos de sabiás Nos olhos dos meus piás, juntando gado de osso Numa estância de léguas, povoadas de sentimentos Onde a terra é o fundamento, que nos ensina a ser moço Eu me pilchei de silêncios e um chapéu copa batida Bombacha azul já puída, do tempo das costureiras Um pala cor de aurora, com alma de sangue nobre Que vez em quando me encobre nas noites desta fronteira Eu me olhei refletido no espelho desta planura Procurando entre a moldura, um tempo que não tem mais Pois descobri que o passado é algo que não nos cabe E o tempo velho já sabe, que não vai voltar jamais Aprendi ser por inteiro Ser eu mesmo, costumeiro Não ser igual a ninguém! Vivo daquilo que sou Me acostumei onde estou E como isto me faz bem