Bem lá no ermo do pampa Segue pelo seu compasso Sofre em geada e mormaço Respira na chuva, ao vento Entre terra e pajonal É seda para o relento E as marcas do manancial São rastros de alma e lamento Assim, do fundo do campo Inveja ao longe a coxilha Com tanto brilho e flechilha Parece no céu entrar Começa como nascente Termina no desaguar E é seca no Sol ardente Esperando a chuva chegar Se encontra na calmaria Num retrato de existência Tem nos rincões a essência Que renova a cada dia Reponta um sonho distante Que o pensamento abrevia E na alma do Rio Grande É água, barro e poesia Não lembra tempos passados Mas anseia ser liberto Namora as pedras por perto No romper da madrugada E no seu remanso rude Traz a querência estampada É raiva mesmo em quietude Senhor de sangas e aguadas É matreiro pra o inverno Quando o gado berra a fome Às vezes quase se some Pelas secas de verão É canto no tremedal Mistérios na cerração E assim é manancial Por silêncio e brotação