Se o campo, por elemento Um dia se revoltasse E assim tão só se entregasse A quem lhe pede sustento Não mais a voz do lamento De tanta fome incoerente Reclamaria a semente Que foi perdida no vento Se o campo, por insurgente Se rebelasse algum dia Em vez da mesa vazia Nos olhos de tanta gente O pão seria o presente Da triste infância da rua E a vida que brota nua Jamais seria carente A terra para quem cria Para quem planta, a terra A paz em vez dessa guerra Insana do dia a dia A quem produz, garantia De não viver de favores Servindo a nobres senhores Posseiros das sesmarias Se o campo, por desolado Numa só voz combatente Sangrasse feito vertente Todo esse amor represado E assim, por fim, libertado Chamasse à humana razão Mostrando que a divisão É sonho multiplicado