Pés descalços pela geada, nas madrugadas de julho, assoviando vai o piá Um vulto na escuridão, com uma varinha na mão, as tambeiras vai voltear Observa as silhuetas, sabe que o pousadouro é no matinho do meio Dá um atiço para o nada, sai a tropa enfileirada num passito de passeio Segue costeando a cacimba, cruzando no capão velho pra desviar do banhadal Logo acima é a porteira, sua avó está na mangueira de tamanco e avental Êra! Êra! Bordadinha Êra, êra Mascarada! Pega o rumo Pampa Velha, tá na hora de ordenhar! E os terneiros tão berrando, loucos de fome esperando um apojo pra mamar Mas se vem o fim de julho, acabrunhado e tristonho, vem assoviando o piá Vai ajeitar a mochila, amanhã volta pra vila, o seu pai vem lhe buscar Com os olhos embaçados dá um abraço nos avós e a varinha vai guardar Vai voltar para os cadernos, nas outras férias de inverno com certeza vai voltar! Êra! Êra! Bordadinha Êra, êra Mascarada! Pega o rumo Pampa Velha, tá na hora de ordenhar! E os terneiros tão berrando, loucos de fome esperando um apojo pra mamar Muitos julhos se passaram, mas as coisas lá de fora pro guri não vão passar A vara se fez violão, o tempo se fez canção pro cantor se fazer piá Êra! Êra! Bordadinha Êra, êra Mascarada! Pega o rumo Pampa Velha, tá na hora de ordenhar! Êra! Êra! Bordadinha Êra, êra Mascarada! Pega o rumo Pampa Velha, tá na hora de ordenhar! Logo acima é a porteira, sua avó tá na mangueira de tamanco e avental Êra! Êra! Bordadinha Êra, êra, Mascarada! Êra! Êra! Bordadinha Êra, êra Mascarada! Pega o rumo Pampa Velha, tá na hora de ordenhar!