Você sabe de onde eu venho? Duma casinha que tenho Fica dentro de um pomar É uma casa pequeninha, Lá no alto da colina, De onde se ouve ao longe o mar Entre as palmeiras bizarras, Cantam todas as cigarras, sob o por, de ouro, do sol, Do beiral vê-se o horizonte, No jardim canta uma fonte, E há na fonte um rouxinol. Do jasmineiro tão branco, a flor que ninguém colheu, No canteiro há uma rosinha, No aprisco uma ovelhinha, e em casa, meu cão e eu. Junto à minha cabeceira, Minha santa padroeira, Que está sempre em meu altar, Cuida de mim, se adoeço, Vela por mim se adormeço, e me acorda devagar. Quando eu desço pela estrada E olho a casa abandonada Sinto, ao vê-la, não sei que... Anda em tudo uma tristeza... Como é triste a natureza! Com saudade de você. Se você é minha amiguinha, Venha ver minha casinha, Minha santa, meu pomar... Meu cavalo é ligeiro; É uma légua só, do outeiro, Chega a tempo de voltar Mas, se acaso anoitecer; Tudo pode acontecer, Que será de mim depois? A casinha pequeninha, lá do alto da colina, Chega bem para nós dois...