Não preciso quase nada Pra vida de peão campeiro Espora, cincha, baixeiro Boieiras, luas e aguadas Um galo pras madrugadas E uma guitarra pra noite Flor de trevo nas canhadas Maçanilha do horizonte Tão pouco é o que se requer Pra vida das invernadas Um ranchito meia água Que dê pra filho e mulher Cavalo forte altaneiro Boa rédea, boa cabeça Que se lembre se eu me esqueça Das precisão de campeiro Pingo de muitos segredos Sabe o que falta pra mim? Pelo cheiro do remédio Que se aboca o criolim Pelo tinir das argolas Que falta chave e cambona Pelo aroma do perfume Que me vou pras querendonas Não saio nunca das casa Sem levar poncho imalado Pra um campeiro é um pecado As manga d'água do agosto Trago nas rugas do rosto As precisão da experiência Que a vida é como ciência Foi me lavrando a seu gosto Então não me falta nada Pra cruzar por estes campos Um clarão de pirilampos E o pó da terra na mala O campo me deu a calma E o vento me deu a crença E a precisão da querência Como municio pra alma