Uma cantiga de amor se mechendo Uma tapuia no porto a cantar Um pedacinho de lua nascendo Uma cachaça de papo pro ar Um não sei que de saudade doendo Uma saudade sem tempo ou lugar Um saudade querendo querendo Querendo ir e querendo ficar Uma leira, uma esteira, uma beira de rio Um cavalo no pasto, uma égua no cio Um princípio de noite Um caminho vazio Uma leira, uma esteira Uma beira de rio E no silêncio uma folha caída Uma batida de remo a passar Um candieiro de manga comprida Um cheiro bom de peixada no ar Uma pimenta no prato espremida Outra lambada depois do jantar Uma viola de corda curtida Nesta sofrida sofrência de amar Uma leira, uma esteira, uma beira de rio Um cavalo no pasto, uma égua no cio Um princípio de noite Um caminho vazio Uma leira, uma esteira uma beira de rio Uma beira de rio E o vento espalhado na capoeira A lua na cuia do bamburral A vaca mugindo lá na porteira E o macho fungando cá no curral O tempo tem tempo de tempo ser O tempo tem tempo de tempo dar Ao tempo da noite que vai correr Ao tempo do dia que vai chegar