Tombamos a terra pra fazer a roça, o rancho a palhoça erguemos por lá Depois de algum tempo um golpe doído, meu velho querido Deus veio buscar Destino afiado machado cortante, bateu no gigante jogando pro chão Bateu bem no cerne por baixo da casca, tirando uma lasca do meu coração Ficaram suas marcas no esteio do rancho, na viga, no gancho, no teto e no chão A vara de pesca em cima amarrada, no canto a enxada, machado, enxadão Tem marcas de enxó na velha porteira, no coxo e cocheira no pé do mourão Quis fazer a peça que não ficou pronta, só fez uma ponta da mão de pilão As marcas de fato estão lá na roça, com suas mãos grossas deu duro e lutou E cada mourão que cerca a divisa, dizer nem precisa quem foi que fincou E lá na tirada rasgada do solo, o velho monjolo foi ele quem pôs Até o espantalho vermelho e rasgado, deixou lá fincado na roça de arroz E hoje correndo a divisa da idade, me bate a saudade onde nóis morava Ainda estou sentindo o gostoso cheiro daquele paieiro que o velho pitava Aquela fumaça subindo do pito, seu rosto bonito pra mim não morreu No céu eu revejo a linda figura, na terra a moldura do velho sou eu