Ó meu patrício de querência e lida Meu companheiro de canha e fogão Não vá deixar nossa querência, eu peço Como eu fiz só pra campiá ilusão Minha mudança para a capital Só me fez mal, e me branqueou os cabelos Eu só te peço, não me siga agora Porque não quero servir de sinuelo Velho parceiro de tantos amargos Vai toma um trago pra molhá a garganta De que adianta tu campear la fora O que agora floresce no pago Olha teu rancho como está bonito Olha o piazito solto no terreiro Até os brinquedos que se usa aí São diferentes dos guris povoeiros Aí não tem brinquedos de guerra Não há violência nem a tal ganância Se aí na estância tão pagando pouco Aqui ando louco de valde e sem terra Eu só não quero, que tu me condene E que nem pense que estou mudado Eu só não quero voltar pior que vim Eu quero um dia voltar mais folgado Fica no campo, chega de tapera Quem nasce quera tem que ser bagual É desigual a vida na cidade Bar barbaridade como eu ando mal Não há no povo um sorriso puro Nem se ve o mate assim de mão em mão Pobres povoeiros vendem até a alma Perdem a calma com o próprio irmão Vai um abraço meu velho parceiro E me desculpe se escrevi demais Passa uma graxa lá nos meus aperos Que um dia eu volto pra campear a paz