Queria ter vozes da musa, Perfeitos acordes da lira, Os ares que a deusa respira. Queria não saber da recusa. No tempo da nota, espera; No agudo do harmônio, penar; Quem dera que um céu de luar Morasse comigo. quem dera! Verão dentro da primavera, Com flores no meu solfejar... Quem dera! Quem dera falar com as águas. Ouvir os fungados da aurora Na orelha de um toco que chora. Quem dera curar vossas mágoas. Chegar sem pensar na saída, Partir quando a mente e a mata, No frio que o inverno desata, Tocarem a sonata da vida. A nova canção construída Das folhas que o chão arrebata. Quem dera! De provar teus encantos, ai que sede! Bem vinda seja generosidade! Pomar do mundo, que necessidade Eu sinto de deitar na tua rede; Banhar-me no teu sumo avermelhado; Comer a brasa que pariu carvões. Suplica, pois, à deusa das canções Pra ti um canto mais harmonizado. Quem dera eu sempre estar do vosso lado Ao ressonar dos últimos trovões! Quem dera! quem dera! Quem dera! quem dera!