Quando se rebenta a taipa das nuvens E o céu desemboca no mundo da gente Milícias de pingos ao som de trovões Levam água abaixo a vida na enchente O vento cantando na quincha das casas É trilha sonora do tempo em bochincho Animais ilhados, taureando aguaceiro Que afoga clamores de grito e relincho Que Deus nos ampare nas águas da vida E a crença dos homens não se vá ao fundo Que a enchente do ódio seja passageira E o amor retire o lodo do mundo Cada rancho é um porto esperando a volta Do sol atracando no cais da esperança Pequenas enchentes inundam os olhos De quem vê a perda que a água balança Quando a natureza ameniza a fúria Se apaga o luzeiro, se cala o trovão É hora dos seres num mar lamacento Começar de novo com os pés no chão Que Deus nos ampare nas águas da vida E a crença dos homens não se vá ao fundo Que a enchente do ódio seja passageira E o amor retire o lodo do mundo Que Deus nos ampare nas águas da vida E a crença dos homens não se vá ao fundo Que a enchente do ódio seja passageira E o amor retire o lodo do mundo