Dá licença, me apresento sou campeiro e fui criado Pra viver sobre esses campos Na lida boa do gado Trabalho desde menino Quase um século de lida E vou até o fim da vida No lombo do meu cavalo Em guri varrendo o pátio Depois recolhendo vaca Mais tarde já taludito Cortando lenha a machado Fui campeiro antes da barba Repassador de aperreado Mas tenho por vocação Cuidar de campo e de gado Todo o pago me conhece Como mestre nessa lida Tropeiro tropa comprida E nunca me faltou gado Rastejou vaca fugida Sigo o rastro toda vida E onde cruzar o boi Cruzo eu com meu cavalo A vida inteira Deus quis assim Cuidando tropas alheias Não tive tempo pra mim Hoje velhito não me afasto das esporas Quero estar bem a cavalo Até chegar minha hora Quero estar bem a cavalo Até chegar minha hora Gosto do gado de cria E quando nasce o terneiro Eu sempre chego primeiro Mas já não carrego o laço Não peço ajuda a cachorro Vou só eu meu cavalo Vou conversando com vaca E curo o terneiro nos braços Trabalhando de tropeiro Fiquei vaqueanos no pago Cada canto do Rio Grande Repassei com meu cavalo Caminhão comeu as tropas Mas não emalei meus bastos Pois não me falta trabalho Como cuidador de gado E tive proposta pra ser capataz no Norte O que pra muitos é sorte, não me merece Resposta Eu gosto mesmo e de fora E por mais pobre que ande Quem se criou no Rio Grande Não tem jeito de ir embora A vida inteira Deus quis assim Cuidando tropas alheias Não tive tempo pra mim Hoje velhito não me afasto das esporas Quero estar bem a cavalo Até chegar minha hora Hoje velhito não me afasto das esporas Quero estar bem a cavalo Até chegar minha hora