O índio pra ser gaudério tem que ter a vida alerta No momento de perigo dá um jeitinho e não se aperta Anda de pago em pago e não tem morada certa O rio grande é tua cama e o luar tua coberta Sempre tem uma chinoca para lhe fazer afago Eu que não deixa levar um viver de uma índio vago São as coisas de antanho que no pensamento trago Canha, mulher e gaita, e o encanto do meu pago Para afugentar a saudade a minha ideia eu destampo E saio longe de mim, num cerro alto me acampo Solito dentro da noite contemplando os pirilampos Que brincam de iluminar o pano verde do campo Sou assim como o minuano gaudério por excelência E na invernada dos anos vai morrendo a resistência E na tropeada da vida não maltrato minha consciência Quero morrer com a honra de um gaudério da querência