Eu levei o pé no estribo E alcei a perna direita... Pressentindo uma desfeita, Preparei bem o recibo! Quem nasceu lá na minha tribo Sabe o valor de onde veio; Mal e mal sentei no arreio Quase que me desconjunto, Mas sou perito no assunto, Desde sempre eu gineteio... Eu já nasci enforquilhado, Meu berço foi de pelego No meu primeiro aconchego Dentro do rancho barreado... Mal eu firmei os costados Recebendo o sol na cara, O ofício do tapejara Chegou, cortando os potreiros, E eu campereava o terreiro Num cavalo de taquara! Por isso, quando um “veiaco” Tenta me tirar de cima, O verso sacode a rima E a lenha vira cavaco; Depois que juntem os “caco” Do que sobrar de valor: A lonca do pulador Que vai direto pra estaca, O capincho da guaiaca E o pardo do tirador! Lá em casa até o piqueteiro, De vez em quando se pega E deixa, pelas macegas, Volta e meia algum parceiro... Eu não cobiço dinheiro, Do poder eu não me agrado, O que eu quero é ser lembrado Por nunca temer o tombo, E ser grudado no lombo Dos “maula” e dos “aporreado!”