Eu nasci em Caratinga, fui criado na Poaia Meus amigos me chamavam para eu ir no Sapucaia Mas eu não gostava de farra, eu não gostava de gandaia Eu preferia ficar com minha mãe, grudado na barra da saia Mas um dia o destino me mostrou que eu tinha uma história Eu juntei o pouco que eu tinha coube dentro de uma sacola Entrei no ônibus em Caratinga e se não me falha a memória Eu acordei emcima da segunda ponte na cidade de vitória Fui morar num bairro simples que fica ali perto da glória E foi ali que eu percebi que homem barbudo também chora Aprendi tocar violão, aprendi tocar viola Hoje eu canto pra vocês e a melodia me consola Hoje eu sou um viajante sou músico aventureiro Lá no bairro onde eu moro me chama de violeiro Mas na verdade eu prefiro ser chamado de mineiro Porque o povo de minas é um povo muito guerreiro E agora com essas palavras eu encerro essa história Agradeço a Jesus Cristo, agradeço a Nossa Senhora E vou fazer um pontilhado no braço dessa viola Eu nasci lá nas Minas Gerais, fui criado no meio do mato Comia carne de onça e bebia sangue de gato Cavalgava no meio da noite, madrugava no meio do orvalho Arrancava cerca no peito eu cortava todos os atalhos Essa história eu trouxe lá da roça, acredite se quiser Já vi peixe morrendo afogado, já vi cobra andando de pé Lá na roça eu tinha uma vaca que dava leite com café Sou caipira detesto mentira, sou fiel à minha mulher! Eu era um caboclo matuto, mordia na ponta da faca Chutava casco de burro, quebrava os chifres da vaca Eu não tinha medo de porteira, não sabia escrever de caneta Já briguei com assombração e troquei tiros com o capeta Essa história eu trouxe lá da roça, acredite se quiser Já vi peixe morrendo afogado, já vi cobra andando de pé Lá na roça eu comia churrasco temperado com pó de café Sou caipira detesto mentira, sou fiel à minha mulher Eu cortava o fumo com a unha, mordia o cigarro de palha Aparava os cabelos com fogo e pisava em cima da brasa Eu bebia pinga com limão, tirava o gosto na pimenta Mordia no copo de vidro e soltava fogo nas ventas Essa história eu trouxe lá da roça, acredite se quiser Já vi peixe morrendo afogado, já vi cobra andando de pé Lá na roça eu tinha uma vaca que dava leite com café Sou caipira detesto mentira, sou fiel à minha mulher Mas a vida me fez perceber que eu tinha que vir pra cidade Conheci muita gente festeiras e aprendi o que era vaidade Hoje eu vivo tocando em botecos, sou um contador de histórias Passo noites e noites cantando, e tocando a minha viola Essa história eu trouxe lá da roça, acredite se quiser Já vi peixe morrendo afogado, já vi cobra andando de pé Lá na roça eu comia churrasco temperado com pó de café Sou caipira detesto mentira, sou fiel à minha mulher