Nesse grande baú já amarelado Cantos amassados dos trancos da lida Estão meus guardados de estimação Dos tempos de peão que marcou minha vida Aqui está meu lenço e a capa coqueiro O velho baixeiro, o freio e o bridão São meus relicários, as obras de arte Que fizeram parte da profissão Este meu baú com parte da tralha Não me atrapalhe para recordar Nos tempos que tropeava embrenhado no mato E para meus netos eu quero mostrar Tenho um par de estribos fundido em alpaca Com a minha marca mandei colocar Uma rédea de crina muito bem trançada Nas minhas jornadas tinha que levar Tenho um laço trançado couro de mateiro Após muitos janeiros ele já ressecou Uma velha peiteira com argolas de prata Que a lida ingrata de herança deixou Uma foto amarela com letras pequenas De uma morena que me presenteou São coisas que marcam na mente da gente E assim de repente o bom tempo passou O baú está guardado com amor e carinho Pros filhos e netinhos lembrar do avô No dia que eu for para a eternidade Vai ficar saudade de um peão domador Hoje alquebrado dos trancos da vida Revejo a lida mexendo com gado Já velho e cansado sou folha caída A guerra incontida perdeu um soldado