Trago na alma gaviona Algum grito tarraneado Pelos matos de aroeiras Pitangueiras e banhados Nos mananciais extraviados Pronzeados do entardecer Que eu sempre redesenhei Tentando entender meus passos Atropelo minhas ânsias No lombo de um zaino negro Procurando o segredo Da intimista solidão E as vezes minha oração É um tropel de guitarras Com a Lua entordilhada Em sonora comunhão Por vezes pealo silêncio Numa milonga de campo Com ares de contrabando Mesclada com serenal Sestrosa feito um bagual Ponta de cerda esvoaçando Mas se ata qual o couro Do tento de um bocal Logo abaixo da estribeira Sem se importar com lonjuras Perro baio alma de bruxo Me ajuda a filosofar No repente a talha fresca No esboço das taperas Farejando ancestrais Colhendo pratas da Lua Olhos do céu me espiando Estrelas bordando a alma Passo a passo tranco e calma Pressa jus da minha essência Pois já nasce com a cadência Das nazarenas e bastos E algum manojo de pasto Jujando minha existência Estrelas bordando a alma