Saudade é fundo de campo Com espinho e japecanga É água que não se bebe Numa pocinha da sanga É primavera com seca Que não adoça as pitangas Saudade é fundo de campo Cerca de arame caída Volta maior do campeiro Buscando uma rês perdida Tapera ruindo ao tempo Que desabou, esquecida Saudade é fundo de campo Que só de longe se avista É quadro num horizonte Nos traços de algum artista Se cruza e nunca se chega Quase se perde de vista Saudade é fundo de campo Pros lados do não sei onde E a vaca pasta a macega Onde o terneiro se esconde E grito que chama boi Somente o vento responde Saudade é fundo de campo Onde a divisa é quem manda E a avestruz faz o ninho Por ser tranquila estas bandas E a solidão toma conta Por conhecer onde anda Saudade é fundo de campo Apesar da inconstância É lugar que se vai pouco Pela razão da distância Embora a gente nem lembre Sei que faz parte da estância