Um espinho, moço novo Morador da japecanga Se apaixonou sem querer Por uma flor de pitanga Já tinha, antes do inverno Trocado olhares de fato Com outra flor de aroeira Da mesma costa de mato Teve uma vez que encantou-se Numa flor de corticeira Mas ela nem deu adeus E foi-se na corredeira Se foi rastro do arroio Que dividia as barrancas Ficou, de um lado o espinho Do outro, a florzita branca Uma vez, meio de ponta Por voltas que a vida faz Atacou um boi pampa alçado Com pose de capataz Ali, na boca do mato Onde sempre se enredou O, sentindo a pua Deu cara-volta e voltou Lhe chamam espinho brabo Pois não lhe conhecem bem Já foi a farpa do arame E a ponta que a espora tem Sabe quem nunca, na vida Vai deixar de ser espinho Por causa dos seus açoites Tem medo de ser sozinho Flor de pitanga bonita Um dia vai ficar doce Mas ele sonha um romance Como se possível fosse Por ser do mato se esconde Do amor contido, não conta Não sabe, assim, ter carinhos Por ser espinho, tem ponta O espinho rasgou o pala De um campeiro de cruzada E guardou a lã, pra sempre Na sua ponta afiada Pra acenar despedidas Pro vento que lhe alvorota Pois pensou em ir-se embora Cravado num pé de bota!