Num fim de tarde, Rosaflor voltava ao rancho Das mesma sanga dos seus tempos de criança Já nem deu tempo de quarar lençóis e panos Por que o tempo se estendeu em chuva mansa Mariano Luna vinha ao tranco sob um poncho De asas abertas feito um pássaro pra o ninho Que um tempo feio desabava mais adiante E o rancho, ainda, tinha sonhos e carinhos Costeando a casa junto a frondes e do arvoredo Onde a querência é bem maior do que a infância Um gurizinho de bombacha e boina negra Brincava, quieto, com seus osso, num estância Era por nada, um tempo ruim, quem sabe chuva Pra os olhos mansos de um guri quase estancieiro Com bois, ovelhas, vacas mansas e cavalos E o sonho simples de um dia ser campeiro Mariano Luna prendeu um grito pro guri Pois, dos seus sonhos, só um grito lhe separa Que deixou a estância entre resmungos E entrou pro rancho no seu potro de taquara Rosaflor olha o tempo e um temporal Trazendo ventos a se mostrar pela distância E o guri, de olhos abertos na janela Cuidava a chuva alagando a sua estância Depois o rancho escureceu sombreando velas E o guri adormeceu seus sonhos tantos De ser campeiro, igual ao pai, ser domador De ter seus bois, vacas e ovelhas nestes campos Mariano Luna e Rosaflor, entre seus mates Cuidavam o sono do guri dormindo ao lado Que nem ouviram a noite escura em seus lamentos Tamborilando a chuva mansa no telhado