Pro vaso de porcelana Fez um arranjo de flores Qual se acendesse uma chama Assim de mil e uma cores Pôs o seu vestido branco Soltou ao vento os cabelos Desfilou todos encantos Pro velho e fiel espelho Apagou vela pro santo Cobriu a imagem com zelo Não rezou, nem chorou pranto Nem se quer caiu de joelhos Abriu todas as janelas Deixou o sol se mostrar Se mostrou assim tão bela Pra quem fosse ali passar Mas quem passou não ligou Pro seu gesto de espera Como um dia que passou Passou sua primavera Prendeu de novo os cabelos Pôs um vestido vermelho Fechou todas as janelas e portas Ficou o vaso de flores Pra enfeitar as velhas dores Numa natureza morta