Eu sou caipira do mato Sou um caboclo nato E não nego a raiz Tenho a pele queimada A essência entranhada Da flor no nariz Chapéu de palha e botina Luta matutina Que me faz feliz Não sou homem de bravata Meu rancho de taipa Eu mesmo é quem fiz. O galo canta e eu levanto Sempre me encanto Com a cerração Também contemplo as rolinhas Que pousam e caminham Lá no mangueirão Os canarinhos cantando E o sanhaço bicando A polpa do mamão Jogo milho pras galinhas E o Sol suga as gotinhas De orvalho do chão Sinto uma satisfação Quando a criação Termino de tratar Volto pro rancho e a mulher Me serve um café Com bolo de fubá Faço um cigarro de palha E vou a batalha Outro dia enfrentar Passo e levo da mina Pura e cristalina A água pra tomar Bem lá no alto da serra No ventre da terra Semeio a semente Rego com muito suor Com fé e amor eu espero paciente Tiro o centeio do pão Nasce lindo o botão Pra dar fruto pra gente À tarde eu volto da palhoça Quando o Sol na roça Se vai no poente Me banho no Ribeirão Depois tomo um pingão na hora do jantar Sento no banco lá fora E ali fico horas a admirar O céu com suas centelhas E vendo as estrelas mudar de lugar Vejo da Lua o seu lume Com os vaga-lumes no escuro a brilhar Este meu reino encantado É abençoado por nosso Senhor Graças à mãe natureza Fartura na mesa tem o lavrador Eu sou um caboclo rude Mas tenho saúde, a paz e o amor Se existe a felicidade Nasceu na verdade no interior