Tudo nessa vida passa, dizem os tolos E a vida escoa na mais atônita paz O caso é que eu ando mal e porcamente No gelo das ruas, solitário, demente O meu sorriso é um doente nervoso Nenhum prazer eu mostro no brilho dos dentes Quem sabe um pouco mais me adiante Quem sabe um gesto mau me adormeça Me faça deitar um pouco a cabeça No colo quieto de gente Ai, eu sei Tudo isso vai me roendo sem remédio até o fim Mas, porém, contudo, todavia, entretanto Não falem mal dessa mulher perto de mim Não sei mais onde vive o meu instinto Onde guardo o meu ódio mais puro e mais franco Só sei andar aos trancos e barrancos Ai, amor Rejeite de vez todos os meus atos falhos Respeite ao menos os meus caninos brancos