Pode ser outono nas folhas do plátano Pintando a paisagem de um bronze grená Ou a brisa macia que acaricia As frondes floridas dos jacarandás Pode ser o vento entoando nas frinchas Canções de saudade por horas a fio Ou o pio de uma ave afundando seu eco Nas dobras sombrias de beira de rio Pode ser teu olhar o cristal dos regatos Tua graça e candura simplesmente uma flor Pode ser, porque não, no tempo presságios Trazendo de longe mensagens de amor Pode ser a chuva molhando o verão Fazendo vingar uma flor no espinheiro Ou a paz de uma garça pousando serena Nas areias sombreadas por mansos salseiros A sempre prenúncios de dias melhores Que nada no mundo querendo disfarça Se nem um calendário antever o momento Um beija-flor com certeza baterá na vidraça