Eu quis fazer um chamamé bem correntino Desde menino que me agrada o sentimento Veio no vento alguma nota da fronteira Foi varando porteira e se aquerenciando no meu pensamento Um castelhano me soprou a melodia Desses que um dia já viveu naquelas bandas Ergueu a voz num sapucai E do outro lado do Uruguai Guiou os meus dedos pra escrever a poesia Sinto aqui no peito a emoção O sangue pulsa na veia Vai nas cordas do violão Quando a gaita floreia Dando uma notação Entrego o compasso no jogo da mão E o amor corcoveia Regendo as batidas Do meu coração Sou fronteiriço, e talvez seja por isso Que conheço os segredos do canto costeiro Que vem da barranca A tristeza que encanta os acordes de gaita E as manhas de fole As enchentes que engolem ranchos ribeiros E os sonhos da gente Também vem da fronteira a manha caborteira De cambear o verso Eu já trouxe de berço o sentimento afiado E sei como fazer Cante gaúcho pra ver Todo esse amor pela arte Venha comigo e reparte A pulsação costeira Desse chamamé