Eu já quis as sandálias e a cartola De outros sonhos Carregar as pedras dos castelos que não habitei Eu já quis embolsar a sombra do dinheiro Que não era meu O rock n' roll, motor do meu Corcel Eu escutava estrelas sintonizando vaga-lumes Anjos apocalípticos lambendo sorvetes de sarin Desafinam o coro dos contentes do Carnaval O santo caminhava sobre as águas Levando nos dentes o punhal O que é que há, neném? Trouxemos buscapé e fedegoso Ao desfile militar E não dizemos amém O cardeal e o deputado Que despejem moedas no serpentário Eu que já fui o Cara Queimo o nariz nas estrelas olhando o abismo E entregando a palma da mão à velha louca Costurei na alma o mapa-múndi E se às autoridades confundi No doce-esporte de roubar touca Ao dorminhoco Bato prego na memória Fechando a passagem à ilusão Porque, meu bem, malandragem E ter dois olhos e certeza nos pés