Nossa covardia ainda há de ser cara A cara Com tuíra e seu facão Ao observarmos a morte Em silêncio à seremos Nos belos montes, nas covas fundas Chicos e mendes emergirão Fazendo inundar pelos olhos Tudo que evitamos ter visto O veneno, o velório Só mais um genocídio Pra conta do homem Pra conta do vício Conforto, consumo Excesso e desperdício Haverá o tempo Da chuva lavar e curar O corpo Do jenipapo bem negro E do urucum vermelho A dançar no terreiro Pintado pra guerra Por sobre os campos há de se escutar Sobre os telhados de zinco Canto tupi guarani caiapó Mesmo onde só a dor vingou Cantando pra America latina Na voz o fôlego do mundo O coro alegre ressuscitará Velhos sonhos moribundos Tem que se crer Sempre haverá o olhar brilho de menino Como a manhã, o entardecer Revoar de passarinho Hoje plantar, amanhã colher Na sombra do saber antigo: “pra preservar Pra sempre se ter, basta estar Em paz consigo e amar”