É tão esquisito quem acredita e me diz que a terra é plana Eu não entendo quem ama seu cachorro E na mesa do almoço come tripa com pelanca Faz carinho em seu felino feito gente Come salsicha a noite no cachorro-quente Se me disser que isso não é desastroso E os roedores morando em vossos esgotos? Eu não acredito em quem me diz esquece os marcantes amores Nem nos gafanhotos substituindo cães farejadores Que coração não se comove com Um choro de socorro? O que é que fica do que eu levo quando eu morro? E essas pistas de asfalto e flora em brasa? Como é que pode um vil ator na esplanada? Tudo já está em seu lugar Você já é o que quer ser A febre vem pra te lembrar O frio que bate é pra dizer O que a palavra não conta Grita no corpo um sintoma O que a gente não dá conta Vida maior que o genoma Assim embaixo como Júpiter no ar Contemplando as estrelas Fluxo que não controlo é feito pra alinhar A cabeça que rola se não assimilar O que tá na cara e só se enxerga no olhar Cada ser um microcosmos Infinito em universo radiante Em tudo e a todo instante O acaso não existe Alma em carne viva Mergulha o material Emoção sem razão, desequilíbrio O coração, mãe de toda palavra Lhe deixa livre mas nunca abandona O filho