Numa agulha de platina Corre a claridão da linha Que vai rendilhando os punhos O decote e a bainha Que vai cravejando os búzios Os corais e água marinha No bordado reluzente Do vestido da rainha É em tempo de poesia Quando bate a Lua cheia Que ela sai de dentro d'água E de noite ela passeia Pelas pedras, pelas ondas Pela praia, pela areia Só quem tem olhar de encanto Vê o manto da sereia Rendeira do céu Lua cheia Com seu carretel de luar No manto real da sereia Costura a espuma do mar