Bem no alto da cochilha Chapéu, na testa, quebrado Olhando para o descampado Num olhar de despedida O moço dava um adeus Ao canto dele e as estradas Onde fizera as cruzadas Mais lindas da sua vida! Tinha alma retalhada Pelos golpes da tristeza E uma pesada certeza De não voltar nunca mais Num tempo de olhar saudoso Olhou o rancho tapera Aquele rancho que era O ninho dos velhos pais Depois tirioniando as rédias Voltou as costas pro pasto Mastigando gosto amargo Que o pranto lhe trouxe a boca Como uma puge de si mesmo Deu num pingo uma esporeada E se largou pela estrada Numa galopeada louca! Muitos anos se passaram A vida toda mudou E o moço não mais voltou Ao rincão onde nasceu Nas tranças de zemuldanas Onde se era o povueiro O moço, rude e matreiro Pouco a pouco se envolveu! Hoje ninguém reconhece Neste homem bem trajado Aquele moço largado Que tinha sorrisos francos No seu vulto de campanha Já não resta quase nada Apenas pingos de giada Sobre os seus cabelos brancos Mas traz no fundo da alma Uma saudade cravada E a sua vida passava Nunca mais ele esqueceu A imagem viva do pago Levada pra eternidade Te juro que é verdade Pois esse homem Sou eu!