Que bom se o campo não tivesse arame E a espiga fértil não tivesse dono Se a humanidade não sentisse fome E a esperança não perdesse o sono ... Seria bom se quem arasse aterra Regando a messe com suor da lida Tivesse, à mesa, o pão que desespera, Plantasse sonhos e colhesse vida. Que bom seria se todos soubessem, Que a terra nunca discrimina os homens, Pois cada vez que o campo refloresce, Há pão de sobra pra matar a fome. Que bom se o silo não fosse mesquinho Onde a ganância explora a miséria, Se a lavoura fosse um bem comum E a liberdade não fosse quimera ... Seria bom se só não fosse sonho, O que se sonha que um dia fosse ... Ninguém precisa mais do que uma cova Para que possa lhe servir de posse. Que bom seria se todos soubessem, Que a terra nunca discrimina os homens, Pois cada vez que o campo refloresce, Há pão de sobra pra matar a fome.