Nas vielas apertadas, o suor no rosto queima Onde o futuro é curto e a miséria te condena Criança na esquina, já brinca de guerreiro O sonho é ter um fuzil, não mais um travesseiro A droga circula fácil, é o ouro da favela Enquanto o sangue escorre, irmão, ninguém mais zela Corpo no chão, é só mais um na estatística Pra polícia corrupta, vida é só uma ficha Mente vazia, só quer ganhar poder O moleque quer ser o dono, o chefe do morro, sem se perder Cocaína nas festas, funk alto até a Lua E no beco escuro, alguém paga com a sua Favela grita, o som do sofrimento é claro Entre o sonho e a bala, quem sai ileso é raro Violência é rotina, irmão, ninguém se ilude Aqui o pecado é viver, a sentença é ser rude A mulher na favela é forte, mas sofre sozinha Entre o fogo cruzado e o assédio na linha Relação a troco de grana, não tem escolha Se vender ou morrer, essa é a cartilha que se colha Na cama o desejo se mistura com medo O prazer é fugaz, mas o pavor é segredo Entre tiros e corpos, não tem espaço pra amar Cada esquina um bordel, só resta se calar O menino cresce rápido, vira homem na marra Aprende na rua que a sorte é quem dispara Sexo fácil, dinheiro sujo, sem futuro A vida vai passando enquanto ele atira no escuro Favela grita, o som do sofrimento é claro Entre o sonho e a bala, quem sai ileso é raro Violência é rotina, irmão, ninguém se ilude Aqui o pecado é viver, a sentença é ser rude O ciclo se repete, é miséria sem fim Quem ganha é quem mata, quem sobrevive é assim O barraco tá lotado, a TV mostra ilusão Enquanto no morro o terror é a missão O governo não sobe, só desce pra fazer cena Promessa na eleição, mas depois ninguém mais pena O menino sonha com grana, quer o carrão Mas pra isso tem que matar, ser leal à facção Moleque franzino, fuzil nas costas Do lado dos “grande”, ele segue a aposta Na esquina tem a boca, na pista tem o bonde Na mente tem o medo, mas o crime responde Pra quem cresce aqui, irmão, o futuro é bandido Ou morre no chão ou termina iludido A paz é um sonho, distante da favela Enquanto o baile rola, a guerra não cessa Favela grita, o som do sofrimento é claro Entre o sonho e a bala, quem sai ileso é raro Violência é rotina, irmão, ninguém se ilude Aqui o pecado é viver, a sentença é ser rude E a favela respira, mas sufoca no veneno Cada esquina uma escolha, um futuro pequeno A vida vale pouco, aqui quem manda é o aço Sobreviver é a meta, no meio desse espaço O amor se perde, a dor é constante Na selva de concreto, ninguém é mais gigante Se olha no espelho, vê o que cê se tornou Na favela o poder mata, o sonho se apagou