Até quando que a gente faz de conta Que a vida que temos é legal Que não falta nada nesta terra Só vergonha na cara, o principal Que país que fizemos em 200 anos Desde que nos libertamos de Portugal? É o país que sonhamos ou sequer rabiscamos Um projeto de pátria nacional? Era o país do futuro Não era aqui que ficava o tal do paraíso tropical? Mas erguemos uns muros e criamos o chamado abismo social! E também o racismo estrutural! E essa elite, vendida ao capital! Quem aí tem orgulho do que vamos deixar pros nossos filhos no final? Até quando que a gente faz de conta Que o Brasil já nasceu especial? Pois não tem terremoto e nem guerra O que temos de sobra é cara de pau Em setembro marcou-se 200 anos Que dom Pedro deu o brado oficial Quanto tempo mais será que precisamos Pra ao menos ter casa, educação e hospital! Era o país do amanhã Não era o brasileiro o povo mais feliz e cordial? Mas é tanto corrupto, e o jogo sujo do ‘quem dá mais’ eleitoral E a falência da ética e a moral E o analfabetismo funcional E a perda da nossa identidade cultural Toda a intolerância, que é geral A polarização tão radical Ninguém ouve ninguém, é cada um com seu projeto individual Até quando que a gente faz de conta Que a violência urbana é normal Que aqui não tem fome e nem miséria Que o Brasil é perfeito O escambau! Somos independentes há 200 anos Vai ter desfile no Distrito Federal Deus se é brasileiro deve estar perguntando Se tem mesmo motivo pra carnaval Era o país da alegria Não era aqui a nação que um dia vai dar certo? Tipo nos anos 50, do cinema novo e do violão do João gilberto E que tal se recomeçar do zero? Pra provar que o país da gente é sério E o gigante adormecido enfim terá os olhos bem abertos Liberdade, justiça e progresso Todos podem vestir verde e amarelo Só assim nascerá o Brasil que você quer e eu também quero!