Num pagode de viola eu vou e ninguém me segura Nem que seja muitas léguas pra por o milho na tuia Chapéu de aba larga camisa de seda pura Viola firme no peito pra fazer minha mesura Aí é que a coisa esquenta e eu armo minha arapuca Pra anuviar os olhos tem que ser moça bonita Se a menina não der trela eu levo em banho Maria A noite é uma criança e a lua nem veio ainda Se ela for solteirinha pode ser que a coisa vinga Mas se for moça casada aí a coisa complica Pescador quando não pesca compra o peixe e conta prosa Caçador quando não caça compra um frango lá na roça Violeiro que não toca põe um disco na vitrola O homem que não namora ou é padre ou é boiola Encontra de tudo isso num pagode de viola No batido da viola vou levando minha vida Se de dia tô na roça de noite tô no catira Escuto moda campeira no meu radinho de pilha Um tal de Tião Carreiro pai do pagode caipira No tinir de sua viola com ele ninguém podia