Era um lamento só Era o caos, não o cais Foi enfim a vida que parou Os moradores da ladeira do Calmon, em Bebedouro De repente sentiu o mundo desabar sob os seus pés Foi tudo tão de repente feito um bote de serpente Intenso feito um raio, um pensamento, enfim Era um lamento só, era o caos, não o cais A vida desandou, desandou Os moradores do Bom Parto, do Pinheiro e do Mutange Dizimados pela ganância insaciável do Poder Famílias despejadas, ruínas de um sonho Retrato do descaso, cicatrizes tão profundas Era um lamento só, era o caos, não o cais Foi enfim a vida que parou, que parou - Uô uô Quem há de falar do desespero? Quem há de lembrar-se da aflição? Quem há de falar do sofrimento? Me diz quem dará a solução? Quem há de falar do desalento? Dos sonhos soterrados nesse chão