Prédios, cigarros, garrafas vazias Cortina de mandala, catalisador Pupilas dilatadas flutuam sob a noite fria Corujas, rouxinóis, andorinhas, brotos, cheiros e cor Mesmo com a mente cansada e entupida Mesmo com os ombros esfolados pelo fardo Rimo acompanhando o ronronar da barriga Entre as incontáveis flores Do jardim orvalhado Na janela do albergue Bem ali na avenida Se aglomeram velhinhos tristes e enrugados Olham as putas passando Os botecos fervilhando Pelas retinas absorvem a vida Enquanto eu me encosto Nesta árvore antiga Estico meu braço E puxo mais um! Desses frutos dourados Penso na inocência do mundo vendida Pelos bandidos em seus ternos de linho importado Nos deuses e deusas Que viraram formigas Bajuladoras de carecas mimados Nas vielas, sujas e esquecidas Mendigos dormem sob a luz do céu estrelado E a terra girando e os neons cintilando Minha cabeça fervilhando de vida Enquanto eu me encosto Nesta árvore antiga Estico meu braço E puxo mais um Desses frutos dourados