José saiu pro mato Foi o mato roçar A vida plantar, sustento ganhar. Maria foi à fonte A roupa lavar Água carregar, a sede matar. Crianças no terreiro Alegres a brincar Sem comida provar, sem roupa ganhar. Mas José não encontrou o mato Tudo cercado Tudo tomado, tudo acabado. E Maria não achou mais fonte Olho d'água secou Desespero chegou, esperança findou. E o terreiro entristeceu As crianças num canto No olhar desencanto, na face o pranto. Já é hora do sol despedir-se do dia Escureceu e José é pura agonia E nem quer saber de Maria As crianças dormiram sobre o leito da fome E ainda sonham com um certo horizonte Que se debruça tão belo e tão longe.